Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.
(A Hora da Estrela)

Clarice Lispector

segunda-feira, 21 de junho de 2010


Poeira do tempo!

[...]Então quando o vento soprar em meus cabelos e eu sentir a brisa suave da liberdade,
vou sentir saudade do tempo em que eu estava presa.
Presa em meus princípios, dogmas, manias... Vou lembrar das canções de amor,
dos poemas velhos cheios de rabiscos por não terem sido terminados,
das viagens malucas em minha mente, mudando de rumo sempre!
Vou olhar no espelho e perceber que o rosto firme, suave, e novo deu lugar a um rosto
desconhecido, com marcas desse tempo que ficou apenas na memória!
Vou sentir vontade de voltar, de cantar novamente a mesma canção, e rever os amigos queridos.
Vou saber que não é possível, que o que vai me restar é apenas saudade,
e que estarei aqui, em uma casa cheia de poeira do tempo, lembrando todos os dias,
memórias antigas, cheias de poeira do tempo!

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