velha, ressecada pelo tempo. Fazia muito tempo, e nem se lembrava mais dela.
Abriu a caixa, e começou a olhas as suas próprias lembras, ria, sozinha, em pensar
quão significativo era aqueles objetos, como precisava do material para lembrar,
como se "aquilo" fosse uma ponte para a memória.
Lá no fundo ficava uma flor seca, pétalas amareladas, morta, com a lembrança de um dia
de calor, em que aquela flor ainda era de um vermelho vida, de um perfume que não era
forte, era doce. Lembrou de tudo, das palavras que rodeavam a flor, dos olhares,
e do carinho. Percebeu que a muito tempo não tinha tido essas lembranças, e que parara de sentir
falta dessa necessidade de lembrar.
Derramou uma lágrima, não sabia se de saudade, de tristeza, ou simplesmente de melancolia
do momento, escorreu mesmo assim.
Deixou a flor seca na caixa, junto com as outras lembranças. Fechou. Não jogou fora, mas
a colocou novamente encima do guarda roupa, como se ali fosse o seu habitat natural,
ou como se ali fosse mais fácil pra ela esquecer, mais difícil pra subir, pegar a caixa novamente
e sofrer mais um pouco. Deixou-a ali sozinha, não olhou para trás, tratou de esquecer e continuar a limpar o quarto. Não era um adeus, era um até logo, até a próxima limpeza.
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